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Relicários: Um Altar paras meus Encantados

Project type

Esculturas cerâmicas

Date

2022-2024

Relicários, trata-se de uma obra em série na qual me permito construir um altar para adentrar- me em uma reflexão sobre a arte como caminho da espiritualidade, que permite resguardar memórias familiares e afetivas, traz a morte e atravessada pela distância da experiência migratória. Aqui me interessa pensar a morte enquanto lei de encantamento final, essa que marca a transcendência e transmutação do corpo que passa de ser um corpo-presente (físico), a um corpo-ausente, mais um corpo espiritual vivo, na memória coletiva dos afetos após sua finalização dos ciclos da vida na terra.

Surgem então as perguntas que, desde a intimidade, intentam detonar subjetividades coletivas como parte das reflexões desta proposta.

Como construir um altar e cuidar de um espaço sagrado?
Que queda traz a ausência de um ser querido?
Como resguardar as memórias de meu pai?
Como, além da morte e da distância de um processo migratório, posso preservar a energia e legado de meus ancestrais, resguardando sentimentos de amor, sabedoria, fé e proteção?

Neste sentido, para indagar nestas interrogantes, se propõe esta série cuja obra está pensada desde a construção de um altar que integra: 2 fotosperformances, onde minha mãe tem nas suas mãos a representação de sua mãe e pai (meus avós), ambas imagens feitas por mim, impressas em canvas em formato vertical, em um papel Moab Juniper Baryta Rag 305 (Semi-gloss), e 10 peças de cerâmica, moldadas com um barro coleitado de um mangue entre 2022 e 2024. Estas esculturas de pequeno formato buscam retratar de forma figurativa e simbólica os espíritos e ausências de alguns de meus familiares já encantados.

Em princípio, me interessa pensar a morte como esse acontecimento importante que resulta um caminho honesto para aflorar nossa espiritualidade e a transformação de nossa consciência. Porém, a partir da ideia manifestada pela escritora Leda Martins em seu texto, “Performances do tempo espiral”. Me inspiro para erguer este altar e moldar memórias encantadas, entendendo a morte como a Leda expressa:

“A morte é um evento, um ato necessário na dinâmica de transformação e de renovação de tudo o que existe, permitindo o movimento contínuo da vida, do cosmo e sua permanente renovação e revitalização”.

Neste sentido, a morte aqui é um elemento conectado ao sentimento de luto e à importância de honrar a passagem de seres queridos, desde um exercício de força vital e criativa da alma. Muitos dos relicários formam parte dos processos de sincretismo de diversos mundos e essa relação entre o sagrado e profano da vida. Relicários são uma parte fundamental de um altar, de uma casa, de igrejas e de diversas comunidades espirituais, porém são contendores da essência do corpo e das almas. A maioria deles é considerada objetos sagrados, e surge como uma via de comunicação que procura criar pontos de comunicação com almas e entidades.

Os relicários funcionam no imaginário social e coletivo, como mediadores para a cura, a proteção, purificação das dores, traumas e da transformação da consciência ancestral e orgânica. Esta obra surge com esse título, porque pretende ser sobre todo um trabalho feito rito, um altar de cura ante as dores da distância migratórias que me atravessam de forma íntima, mas, ao mesmo tempo, um espaço imersivo das dores coletivas, um momento para manifestar um rito fúnebre a meu pai, Fernando Alvarado, a quem não tive a oportunidade de despedir pessoalmente, traz seu falecimento no dia de meu aniversário (24.01.2022) e quem poderosamente passo a ser um guia, uma presença sempre ancestral na minha memória, que motiva e inspira com muita vitalidade o curso de minhas escolhas e travessias em muitos momento de minha vida.

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